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Entrevista com Gabriel Campos, autor de 'Conexões Perigosas', a nova novelas das 23h do Web Mundi



Como é escrever novelas?

É um trabalho árduo, criar diversos personagens e manter a personalidade de cada um deles até o fim da história, sem se perder. Além da quantidade de cenas escritas e da necessidade de estar sempre se reinventando, criando novos conflitos para evitar a famosa “barriga”. Mas também é algo muito prazeroso, ver o projeto crescendo, ganhando forma e o público comprando a ideia é algo muito gratificante.


E como surgiu o seu interesse por escrever novelas?

Sempre gostei da ideia de criar e contar histórias. Em 2009, elaborei a sinopse de uma novela juvenil, mas só tive a oportunidade colocá-la no ar em 2015, o que acredito que foi bom, pois tive a oportunidade de desenvolvê-la melhor nesse período. Depois disso, me apaixonei de vez pelo gênero e escrevi mais três histórias, só que por conta da faculdade, acabei dando uma pausa e só agora estou retomando essa paixão.


Que diferença você nota entre suas primeiras novelas e as mais recentes?

Acho que o texto está mais maduro, as tramas estão mais complexas, assim como os conflitos e os dramas de cada personagem. Antigamente, eu fazia obras mais maniqueístas, o bem e o mal eram postos como duas extremidades bastante opostas. Acredito que hoje eu tenha conseguindo humanizar mais os personagens, deixá-los mais próximos da realidade, até porque, no mundo real, ninguém é cem por cento bom ou cem por cento mau.


Você faz faculdade de Letras. Em que ponto acha que isso contribui para as suas criações?

Acredito que ajuda, mas não muito. No curso, a gente não aprende a escrever histórias, até porque acredito que não existe uma fórmula mágica para isso. O que nós fazemos é analisar aquilo que já foi escrito pelos grandes nomes da literatura e a compreender a mensagem que eles
queriam transmitir. É nesse último ponto que eu acho que o curso pode ter contribuído, em a partir dessas leituras, da influência delas, apreender como transmitir algo por meio da ficção.


De onde veio a ideia de Conexões Perigosas? Como surgiu o projeto?

Conexões Perigosas surgiu da necessidade que eu sentia de uma história que mostrasse a realidade dos jovens, como de fato eles são. Uma narrativa com situações e dramas reais, com personagens humanos, que erram, que acertam, que às vezes têm atitudes duvidosas, que bebem, fumam, usam drogas ou que não fazem nada disso. Mas algo que fugisse do estereótipo e da caricatura do jovem que a gente está acostumado a ver na grande maioria das tramas do gênero.


Os personagens têm alguma inspiração em pessoas reais ou é tudo fruto da sua imaginação?

Acho que toda história tem certa inspiração no mundo real. Acredito que o trabalho do autor, além da escrita, é muito de observação, observar o que está acontecendo no mundo, com as pessoas em sua volta, os dramas e os conflitos de cada uma delas e inserir isso em suas histórias, o que fará com que ela se torne mais crível e que mais pessoas se identifiquem com aquilo que está sendo contado.


Você tem algum personagem preferido? Se sim, qual?

Eu gosto muito de todos, são como filhos pra mim, mas se eu dissesse que não tenho meus preferidos, eu estaria mentindo. Eu gosto muito da Vitória e do modo como ela enfrenta os problemas com serenidade, sem se desesperar, ela pensa muito no que está acontecendo e em como resolver aquela situação da melhor maneira, acho que eu queria ser um pouco mais como ela. Pedro, Helena e Caio são outros tipos que acho interessantes, mas a minha favorita é a Soraia. Acredito que a Soraia é a personagem mais humana de toda a trama, ela é intensa, luta pelo que acha certo, ainda que às vezes não seja da melhor maneira. Ela é aquele tipo de pessoa que erra, mas querendo acertar.


Nas tramas jovens, são muito comuns os merchandisings sociais. Podemos esperar isso em Conexões Perigosas?

Acredito que sim, mas talvez um pouco diferente da forma que o público está acostumado a ver. As questões sociais estão presentes, elas estão expostas como problemáticas, mas nem todas são solucionadas, porque como eu disse, eu queria uma história com personagens reais, humanos. São jovens que erram e que vão continuar cometendo erros, já que na vida é errando que se aprende e eles estão nesse processo de amadurecimento, o que também inclui seus dramas e conflitos pessoais.


De onde surgiu a ideia para o nome da trama?

A princípio, a novela se chamaria Descolados, porque muitos dos personagens são jovens, modernos e completamente desconstruídos, mas duas coisas me incomodavam nesse título. Uma delas é que o considero muito clichê. A outra é que quando escrevo algo, sempre busco fazer com que o público se identifique com aquilo que ele está lendo e o título é uma peça fundamental nisso. O jovem não quer ouvir que ele é descolado, ele quer se ver naqueles personagens, se sentir representado, compartilhar dos dramas e conflitos deles. Foi aí que notei que as relações que esses tipos estabeleciam uns com os outros sempre tinham alguma
consequência, positiva ou não. São escolhas. Ao tomarmos decisões, ao nos conectarmos com algo ou alguém, estamos sempre correndo riscos, viver é um risco. Daí surgiu Conexões Perigosas.


Há clichês em Conexões Perigosas?

Busquei ao máximo me livrar dos clichês, mas não posso negar que alguns dos elementos clássicos do folhetim estão presentes. Há dramas que já foram vistos em outras obras do gênero, sim. O que procurei fazer foi me reinventar e mostrar esses conflitos de uma nova forma, sobre novos olhares e sem soluções mágicas, como de fato é a vida. São os clichês da vida real, digamos assim.



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